Há já alguns dias que sentia vontade de partilhar e escrever sobre este acontecimento que ocorreu na minha vida em 2010, o meu divórcio.
E porque sei de forma vivida que é algo que marca muito e que nos tira o tapete debaixo dos pés mas que pode também ser de certa forma o melhor que nos podia ter acontecido!
Quando percebi que o meu casamento estava a chegar ao fim, estava grávida do meu segundo filho e a Inês já tinha 3 anos. Não vos sei pôr por palavras todo o sofrimento que vivi e senti na altura.
De facto foi sentir que o Mundo estava a desabar sobre a minha cabeça e que nada daquilo fazia sentido, já que eu achava que o meu casamento seria para a vida.
Quando em desabafo com uma amiga minha lhe conto o que se está a passar, ela responde-me com um "quem sabe não é o melhor que está a acontecer-te!".
Escusado será dizer que senti uma enorme vontade de lhe bater, e de facto tive de me conter muito para não ser mal educada e não a mandar para outro sitio, porque efetivamente como poderia ser o melhor que me estava a acontecer se eu estava a sofrer e muito? Que raio de amiga te diz tal coisa?! Acreditem, a melhor!!
Um divórcio não é fácil, grávida à mistura piora tudo!!
Foi um acontecimento inevitável. Foi algo que mais tarde percebi que tinha mesmo de acontecer. E com o passar do tempo, já fora de toda a emoção, e de forma fria, ao recordar os meses para trás que antecederam ao meu divórcio, percebi que o meu casamento já tinha terminado há muito eu não me tinha era dado conta disso.
Andamos sempre a correr certo? E isso não nos permite sentir... ou talvez não quisesse admitir para mim que tinhamos falhado.
Percebi também com o meu divórcio que eu me tinha anulado com o meu casamento, que tinha vivido grande parte da minha vida em função de outros. Marido e filha. Não que isto seja mau, atenção, apenas e só que percebi que dava sempre de mim e não recebia em troca, havendo portanto um desequilíbrio.
Acho que as mães entendem o que eu quero dizer.
Deixamos de fazer as coisas que fazíamos antes de sermos mães mas pelo menos no meu caso, era muito explícito que o pai não deixava de fazer o que fazia antes de ser pai. Os jogos de futebol durante a semana continuavam, os ginásios continuavam, e de certa forma não era que eu não pudesse fazer, acho que era um sentimento de culpa ou de julgamento que eu própria tinha, agora que era mãe não me era permitido ser mulher. E isso terminou com o meu divórcio. E foi nesta altura que percebi que também tinha de ME DAR.
Eu tinha de viver também para mim.
Claramente que o meu divórcio foi a maior reviravolta que me podia ter acontecido e hoje olho para trás e sou muito grata por tudo o que me aconteceu, pois foi isso que me fez Ser quem eu sou hoje, que me fez viver tudo o que vivi até hoje. Talvez seja estranho leres isto desta forma, mas é a mais pura verdade.
O Yoga entrou na minha vida nesta altura. Embora tivesse tido muita força e muitos pilares que me suportaram e me ajudaram a literalmente a levantar e continuar a andar, e falo de pais, irmã, cunhado, e amigos mais chegados, com a prática de Yoga, chegou o equilíbrio emocional.
O Yoga trouxe-me paz, serenidade, e ajudou-me a aceitar que as coisas são como são. Ajudou-me a largar o papel de vitima e ensinou-me a lutar por mim. A olhar para mim e para o que Eu sentia e para o que Eu queria.
Trouxe-me muito centramento e dei por mim a explorar algo que desconhecia, o meu auto-desenvolvimento.
Hoje olho para trás e vejo o que já vivi depois deste acontecimento, e é absolutamente estrondoso e melhor do que eu alguma vez pudesse ter imaginado e sou tão grata por TANTO!!
As viagens todas que já fiz, as pessoas que conheci, os sítios por onde passei, as formações que pude fazer, a minha mudança de vida e profissão, a pessoa com quem estou hoje e o que me faz sentir.
Olho para os meus filhos e vejo o quão felizes são por terem pais que só querem o melhor para eles, sem guerras e cenas, são miúdos extremamente equilibrados e sorridentes. Somos pais amigos e eles sabem e sentem isso!
Quantos meninos não seriam mais felizes se os pais se divorciassem e deixassem de discutir e de se tratarem mal? Sabemos que isto acontece, e que por vezes os casamentos são mantidos apenas porque há filhos, há casas, carros e no final não há felicidade e o Amor já morreu há muito, e mantem-se a todo o custo algo que não nos faz feliz.
Para quê?
Então, isto para vos dizer que há acontecimentos que nos tiram de facto o tapete do chão, mas que vêm para te colocar no teu caminho, para te colocar no caminho certo, e se conseguires largar o papel de vitima e perceber que a vida tem por vezes planos para nós diferentes dos nossos, isso é absolutamente estrondoso.
Porque, afinal o que é viver a Vida toda programada como nós achamos que deve ser e sem surpresas?... Chata não?!
Dá as boas vindas a uma Nova Vida quando o Universo te troca as voltas!
Hari Om
Susana
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